Dona Lucilia me ensinou
a amar o mistério. Seu olhar era povoado de imponderáveis. Ela exprimia esses
imponderáveis até involuntariamente pela fisionomia e pelos olhares. Era o modo
dela ser. Seu olhar era: luminoso, profundo, sereno, honesto, inocente,
extraordinário, despretensioso. Ela mesma não tinha ideia de que possuía essas
qualidades.
Às vezes eu chegava
tarde em casa e a encontrava rezando junto ao Sagrado Coração de Jesus. Noite
fria. Não estava lá movida por um espírito ascético duro, era tudo amor ── que
a fazia não sentir o frio, e quando já era tarde! Eu a via e ela parecia um
fumo de incenso que subia ao Céu. Quando ela ia se deitar, saía da sala, parece
que os anjos ali ficavam. Então ela ia se aprontar para dormir, tudo feito sem
meticulosidade tonta, mas com uma tranquilidade...
Plinio Corrêa de Oliveira