sábado, 6 de junho de 2015

Jesus sofredor, modelo de serenidade seguido por Dona Lucilia

Dona Lucilia via o sofrimento com  inteira serenidade, sabendo que tudo acontece por uma razão mais alta que está em Deus. Vejamos o que comenta seu filho, Plinio Correa de Oliveira, a este respeito.
Para  conservar  a  serenidade,  creio que concorriam as Vias Sacras  que Dona Lucilia rezava na Igreja do Sagrado  Coração de Jesus, diante de estações  não muito artísticas, porém sérias e  piedosas. Em cada uma das estações  está representado um sofrimento de  Cristo durante sua Paixão. Em todos  eles,  Nosso  Senhor  é  apresentado  com uma enorme serenidade e tranquilidade, por mais que sejam enormes seus sofrimentos. Ele sofre, sabendo que tem de sofrer, e por isso não toma aquilo como sendo algo  extraordinário e inconcebível.
Contudo, foram tais os sofrimentos de Nosso Senhor, que nós não podemos sequer imaginá-los. Tomemos,  por exemplo, o estudo realizado por  um médico francês, Dr. Pierre Barbet,  sobre o Santo Sudário de Turin. 
Um  dos  pontos  analisados  pelo  afamado  cirurgião  foi  a  posição  de  Cristo na cruz. Um prego Lhe atravessava — de uma só vez — os dois  pés; outros dois, um em cada punho,  prendiam-n’O à Cruz. Caso Ele quisesse apoiar-se mais nos pés do que  nos  braços,  para  assim  aliviar  um  pouco a dor, seus pés seriam rasgados; por outro lado, se Cristo tentasse  aliviar a dor de seus pés, sustentando  o corpo unicamente com os braços,  seus pulsos seriam rasgados. 
Em meio a todas estas dores, Ele  permanece calmo, analisando os dois  ladrões  crucificados  a  seu  lado.  De  repente, um começa a blasfemar; o  outro, vendo-O se converte e começa  a defendê-l’O. E Nosso Senhor promete-lhe: “Em verdade te digo: hoje  estarás comigo no paraíso.”2
Donde vemos que, apesar de todos os padecimentos que Lhe eram  impostos,  Cristo  mantinha  a  certeza de que aquilo iria terminar, e sua  missão seria cumprida.
Olhar sereno que infundia serenidade
Assim era a serenidade de Nosso Senhor neste terrível passo da Paixão. Frei Pedro de Cristo, ao compor uma canção que diz “Ojos claros serenos, si pues morís por mi, miradme al menos — olhos claros serenos, se  morreis por mim, olhai-me pelo menos”, acertou enormemente. Pois, de fato, se Aquele que, em meio a tantos sofrimentos, conservou tal serenidade,  pousasse  o  olhar  sobre  alguém, isto bastava para infundir-lhe  a mesma paz.
Mamãe, que tantas vezes vi diante da imagem do Sagrado Coração de Jesus, olhando-O durante longas horas, talvez tenha recebido d’Ele um olhar,  que bem pode ter sido a causa de haver nela tanta serenidade. Algo semelhante  dava-se  com  Dona  Lucilia:  quem se aproximava dela recebia algo  desta serenidade que, em última análise, vinha de Cristo Nosso Senhor.

Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 11/03/1995

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